Está chegando o grande dia. Minha bebê já está à porta. Foram longos 9 meses de gestação e, a cada dia que passa, a ansiedade de conhecer minha bonequinha de carne e osso só aumenta. Posso parecer só mais uma mãe quase parida, procurando por faixinhas para recém-nascidas na internet, no auge de seus hormônios gestacionais, e que anseia por pegar sua pequena nos braços... É, talvez eu seja exatamente isso mesmo (risos).

Lembro-me de que, na infância, nas datas comemorativas como aniversário, Dia das Crianças e Natal, geralmente era presenteada com uma boneca de pano e cabeça de plástico. Eram minhas preferidas, minhas bebezinhas, minhas filhinhas. Aos 11 anos, eu já tinha uma coleção gigante delas, estavam por todos os lugares do meu quarto. Na cama, ficavam as mais cheirosas; na cômoda, as mais fofas; e as mais caras e preciosas ficavam bem guardadinhas no armário, saindo apenas para passeios especiais. Desde cedo, já demonstrava um verdadeiro dom maternal. O jeito que segurava nos braços, dava comidinha de massinha de modelar e depois limpava toda a melecada que ficava. Tudo sempre com muita dedicação e esmero. “Será uma ótima mãe de menina”, costumava ouvir isso das mulheres da minha família. Ter crescido em um ambiente familiar onde o amor e o cuidado estavam por toda a parte fez com que eu reproduzisse isso de forma natural.

Lembro-me com carinho das competições com minhas primas nos aniversários quase que semanais das nossas "filhinhas" para ver quem deixava sua "bebê" mais elegante. (Mais risos e um "uff" nostálgico ao lembrar disso tudo enquanto digito esse post, uma lágrima escorre... culpa dos hormônios da gravidez.) Modéstia à parte, eu sempre vencia essas disputas, pois, muito cedo, descobri que uma faixinha com lacinho na cabeça das minhas bebês, feitas pela tia Zélia para sua “sobrinha-neta mais amável”, (segredo meu e dela, até agora, rsrs), era tudo o que bastava para destacar toda a delicadeza e fofura, deixando em evidência todo o zelo que eu tinha por minhas bonequinhas de pano e cabeça de plástico.

Quase 20 anos depois, quando abri o resultado do exame de sexagem e gritei: “É menina!” (Eu não iria aguentar um chá de revelação), essas lembranças vieram à tona, junto com a vontade de escrever esse post. Hoje, aos 30 e poucos anos e quase parindo, posso não ter mais toda a inocência e percepção lúdica da maternidade que uma criança de 11 anos tem e nem a Tia Zélia para fazer faixinhas com lacinhos para minha bonequinha de carne e osso. Mas trago no meu coração o cuidado que aprendi a ter com minhas bebês de pano e cabeça de plástico e, mais recentemente, descobri a Mírian da Coisas di Irmãs, que, se não fosse o fato de minhas primas terem tido filhos homens, seria, assim como a Tia Zélia, a responsável por eu vencer todas as competições de fofura e elegância com suas faixinhas de cabelo.

 

Autora anônima